Thursday, December 25, 2008

leiria

Cheguei finalmente ao outro lado de mim.
Fico estendida a observar e a deliciar-me com a vida que deixei e da qual sinto saudades. Todos os sabores e os cheiros flutuam ao meu redor e eu tento senti-los ao máximo numa quase tentativa de parar o tempo. Sinto-me bem no outro lado de mim - um lado mais meu.

Friday, December 5, 2008

sweet and old prince

Há uns tempinhos que tenho vontade de te escrever umas palavrinhas, e fui deixando andar até chegar à data dos teus anos. Uma data que em tempos era extremamente esperada. Não quer dizer que tenha deixado de ser importante, mas a sua importância chega de uma maneira mais serena e muito mais calma.
Estes dias, sinto-me uma pessoa bem longe daquela que era nessa altura, mas tenho umas saudades desses tempos em que tudo era fantasia, em que havia algo de mágico no ar e a minha vida era, também ela, rodeada de uma manta mágica e só minha, só minha. Tu eras o meu príncipe que eu recebia através das cartas e da voz que ficava lá longe mas que permanecia muito perto de mim.
Neste dia, desejo-te tudo de muito bom. Que a vida continue a vir com um sorriso marcado e com a magia que, tenho a certeza, ainda a carregas.
E cá continuo eu, com a vida tatuada de experiências que não me largam. obrigada por seres.

Thursday, November 13, 2008

nada

não tenho nada em que pensar.
Sinto-me vazia. Um vazio profundo e esgotante.
Estranho. vazio tem sido algo inexistente nos últimos tempos. E de repente lá nasceu. E ficou.
Sinto-me vazia com tudo o que tenho ao meu redor. E sinto-me vazia com tudo o que tenho no interior que é tão grande. e que agora parece-me apenas nada
quero encher-me novamente.
mais uma página?
o que virá a seguir?

Sunday, November 2, 2008

e se (I)

"Entre ambos, o sexo era silencioso e tranquilo. Não se pode dizer que eles experimentassem os chamados prazeres da carne. É evidente que também não estaria correcto afirmar que nada sabiam do deleite que um homem e uma mulher conhecem na pele quando têm relações sexuais. Acontece, porém, que, à mistura com isso, existiam demasiados pensamentos, demasiados elementos e estilos de vida. O sexo com ela era diferente do que alguma vez conhecera. Fazia-lhe lembrar um pequeno quarto, que era ao mesmo tempo um espaço simpático, confortável para se estar. Do tecto pendiam fios de muitas cores, fios de diferentes feitios e comprimentos, e cada filamento, à sua maneira, transmitia-lhe uma espécie de corrente de prazer. Ele sentia o desejo de puxar por uma, e as fitas pareciam estar à espera de que ele as puxasse. Mas a verdade é que ele não sabia por onde começar. Tinha a sensação de que bastaria tocar num desses fios para que um assombroso espectáculo se desenrolasse diante dos seus olhos; ao mesmo tempo, porém, e com a mesma facilidade, tudo poderia ficar estragado num abrir e fechar de olhos. Em resultado disso, mostrava-se vacilante, e enquanto se sucediam os momentos de hesitação, mais um dia chegava ao fim."

Haruki Murakami in "A rapariga que inventou um sonho"

Sunday, October 26, 2008

sr. Pesos

Já sabes, ama sempre o começo do caminho.

Wednesday, October 1, 2008

personalidade?

Em psicologia existe a possibilidade de agrupar os indivíduos por tipos de personalidades. Não quer dizer que a coisa seja infalível, porque é quase impossível descrever um ser humano em pequenas palavras agrupadas. No meu caso, a coisa funcionou e assustou, pois que a descrição encaixa plenamente e diz “tudo” o que sou em palavras, que eu própria ainda não tinha conseguido agrupar. Topem:

O Romântico ou individualista ou original

O individualista é emotivo e focaliza a sensibilidade nas próprias necessidades e sentimentos. Tudo que se refere ao romântico remete à introspecção, ao mundo interior. O sentimento de utopia acompanha a sua trajectória, que almeja sempre o inatingível. Fica espremido em sentimentos superalimentados e mal-podados, o que dá, então para entender porque a sua vida se torna monótona, quando as coisas acontecem conforme o previsto num script. No lugar do convencional, prefere o criativo. Nessa busca, encontra-se, frequentemente, com o sofrimento – sentimento que exerce fascínio sobre esse tipo romântico, mas também trágico.

Focos de atenção

a) Desprezo pelo lugar-comum e pela superficialidade de sentimentos.
b) A forma que encontra para enaltecer o lado comum da vida é pelo meio da perda, da fantasia, dos vínculos com a arte e dos actos dramáticos.
c) Os relacionamentos dos românticos seguem o ritmo instável do “ata-desata-reata”, já que quer sempre o melhor daquilo que está ausente.
d) Esse tipo extremamente sensível é também um grande apoio para pessoas em processo de dor ou crise.

Tuesday, September 30, 2008

Poni Hoax

"Will you fall down into my life?
(...)
Will you catch me when i´m falling down?"

Tuesday, September 23, 2008

férias (II)

E foi como se um sonho antigo se tornasse realidade.
É difícil aceitar que o nosso sonho há tanto desejado e pensado, quase estrategicamente pensado, de repente e absolutamente do nada aconteça. Não estava preparada, ninguém teve a decência de me avisar.
O que fiz?
a minha única reacção foi fugir...
não deveríamos estar preparados para os nossos sonhos??
E agora passo os dias a perguntar: "como posso ter saudades de alguém que não conheço...?"

Tuesday, September 16, 2008

L.

"I love people who know what they want."

Sunday, September 7, 2008

Hancock, ou como se pode ganhar uma depressão

Viver num país com pouco acesso à cultura leva-nos a isto: ver um filme suuuuuuuuper comercial que, desde o primeiríssimo minuto soubemos que os nossos queridos 600 kwanzas foram muito mal empregues. Mas o que fazer? A única coisa que queriamos era não ficar em casa, e nunca nos passou pela cabeça que a coisa fosse tão má!
Will Smith, obrigada pela quase depressão.

Monday, September 1, 2008

Esperança: o incansável começo



Hospital Pediátrico David Bernardino, secção de nutrição
Luanda, 30 de Agosto de 2008

Monday, August 25, 2008

férias... (I)



S. Pedro de Moel, Leiria, Julho de 2008

Friday, August 22, 2008

amor e trevas

"Havia qualquer coisa no programa daquele liceu nos anos vinte, ou talvez algum bolor romântico profundo que impregnara o coração da minha mãe e das amigas na juventude, uma bruma sentimental polaco-russa densa, algo entre Chopin e Mickiewicz, entre os sofrimentos do jovem Werther e Byron, algo do género crepuscular entre o sublime, o atormentado, o sonhador e o solitário, toda a espécie de fosforescências de "saudades e anseios" que iludiram a minha mãe durante a maior parte da sua vida e a seduziram até que sucumbiu e se suicidou em 1952. Tinha 39 anos. Eu tinha doze e meio."

Amos Oz in "Uma história de amor e trevas", Dezembro de 2001.

Friday, August 8, 2008

Cá nado!

A ligação que se consegue estabelecer com um livro termina quase sempre numa amizade profunda que me leva a protegê-lo de todas as catástrofes que possam existir à face da terrinha. E quando a catástrofe acontece fico sempre de boca aberta com uma lágrima forte a percorrer o rosto. Como é possível perder um livro assim???
Ando indignada com as perdas irreparáveis que tenho sofrido nos últimos tempos. E mudar de continente não ajuda nada… bolas!!
Cá ando e cá nado!

there´s something about this song

Haunted Home

"You want to drink my soul
Till your heart is full
What happens when it’s full and it splashes?
You’ve built all these rooftops
And painted them all in blue

If all this set just burns up will you paint the ashes?

Do you really want to see?
Because I’ll let you in
With me

You shiver when the wind blows
Through doors that lost their keys
There’s too little to rescue, too little to hang on to

I thought that maybe we could try to
Clear and rebuild this haunted home
I’ll be glad to help you just tell me what to do


Why don’t you tell me what to do?
Maybe you’re scared too

I’ve been here before
Next thing you’ll see
You’ll fell
So small


I will disappoint you
And I don’t care if I do

I belong to those who got shattered, battered,
Bruises and scars that I’ve hidden you could never heal
This grey house where I come from
Some great love will tear it down
If you no longer love me why should it matter?


Tell me why should it matter?
I can’t ask you to stay

I can’t find the words to say
Why don’t you just leave?

Just leave"

David Fonseca



Não sei explicar muito bem o porquê, mas esta música é uma daquelas que faz sentido quase em qualquer circunstância. Talvez seja o início, que lembra o som da chuva a cair, os dias sem sol, dias de frio e de aconchego, ou talvez seja apenas a voz do Sr. David, que por vezes consegue ser soberba…
there´s something about this song

Monday, August 4, 2008

férias...



... o sabor do mar e o azul dos olhos, a mão dele firme no meu corpo, um pouco perdido em mim, eu e ele perdidos um no outro, mas agarrados um no outro... o carinho florescia nas palavras doces, um olhar terno e frágil de quem tem medo...

que doce!



Friday, May 2, 2008

Emigração? ou Identidade?

Um ano e alguns meses em África-Angola-Luanda…
Diz-se que um indivíduo é de uma terra quando efectivamente nasceu naquele local. Mas e quando nasce num local e logo o abandona. De onde é o indivíduo? Porquê a obrigação de “ser” de um local “apenas” porque se nasceu lá?
A minha preocupação, o sentimento de reflexão reside em mim mesma. Natural de Luanda – diz no BI. Angolana, portanto! Mas e cá dentro, o que dizem as marcas do tempo que carrego?
Assim que cá cheguei – e o tempo passa que nem flecha! – recaiu sobre mim esta questão: de onde sou? Daqui, onde nasci? ou do sítio onde cresci, vivi, onde aprendi a ser o que sou? onde me compus como gente.
Esta é uma questão interessante, por vezes angustiante e tem dias que chega mesmo a ser frustrante.
Mas de tanta análise, sei que me sinto “apenas” uma emigrante em África-Angola-Luanda, na terra onde nasci.


Antagónico, isn´t it??

Luanda, 2 de Maio de 2008

Tuesday, April 22, 2008

Sem falta

Hoje senti a tua falta. Não, não foi por ter ouvido uma música de Muse que, inexplicavelmente ainda me leva a ti. Mas sim, por ter ouvido falar uma grande pessoa. Senti o mesmo entusiasmo com que costumas tratar as questões. Aquele entusiasmo, quase alternativo, que sinto não existir nas pessoas que vou conhecendo aqui. As pessoas aqui são tão diferentes. Energeticamente, existencialmente diferentes. Por vezes sinto-me a afundar, quando já não consigo mais, quando já não tenho mais o que ver no horizonte. E por vezes renasço, vejo a possível luz, um sorriso, uma conversa, e volto para continuar a ver.
Senti a tua falta, mas não sinto a tua falta.

Friday, April 11, 2008

The piano and the man (II)

Será que em todos os lugares por onde passar vou ter uma pessoa à minha espera?

Wednesday, April 9, 2008

The piano and the man (I)




...and the grace of feeling your great existence.
Thanks, S.

Friday, March 28, 2008

círculos (II)

Pois é. O mundo da Psicologia tem destas coisas. Damos por nós a estudar o grande Ser Humano com todas as suas complexidades. Acabamos, sim senhora, por encontrar as suas notórias capacidades e ... eis que também nos esbarramos com o que é evidente e muitas vezes difícil de aceitar: a neglicência de ser Ser Humano.


"Ó barro bíblico
animado por vida que destróis
no outro e em ti!

Ó sopro divino - bondade -
que matas
guerreias
renegas
odeias
prostituis
prostituis-te
matas e matas-te
a ti - símio -
meu ancestral!

Ó selvagem
de cujo encéfalo jorra a ciência
a filosofia
a poesia...
e o sonho
e cujas garras afeiçoam
vénus-giocondas
pirâmides-templos
de Jerusalém!

Ó fera cruel sem coração
que te curvas a deuses
que afagas crianças
que estremeces-sorris
ao desabrochar da flor!

Ó homem
o que és tu?
quem és tu?"


Miguel Leitão

círculos (I)

E porque a vida parece andar em círculos de situações, emoções, dou por mim a pensar e terrivelmente a sentir estas palavras que acabam por aflorar o meu espírito de quando em vez.

"Também me aflige quando encontro os outros. Nunca sei quem são e nunca são os mesmos."

Thanks, M.

Monday, March 24, 2008

Wake Up

O ano de 2007 já passou. Eu sei. Os últimos meses de 2007 foram marcados pela descoberta. A música de Arcade Fire tatuou de maneira sublime a minha existência mental e física. Essa trágica fase já passou. Eu sei. Mas de uma tragédia fica o sinal do renascimento. E o arrepio de prazer que eleva os pêlos de todo o corpo quando ouço Arcade Fire persiste.
Viva!

Wednesday, March 19, 2008

Monday, March 17, 2008

Solitude

Laugh, and the world laughs with you;
Weep, and you weep alone.
For the sad old earth must borrow it´s mirth,
But has trouble enough of it´s own.
Sing, and the hills will answer;
Sigh, it is lost on the air.
The echoes bound to a joyful sound,
But skrink from voicing care.

Rejoice, and men will seek you;
Grieve, and they turn and go.
They want full measure of all your pleasure,
But they do not need your woe.
Be glad, and your friends are many;
Be sad, and you lose them all.
There are none to decline your nectared wine,
But alone you must drink life´s gall.

Feast, and your halls are crowded;
Fast, and the worl goes by.
Succeed and give, and it helps you live,
But no man can help you die.
There is room in the halls of pleasure
For a long and lordly train,
But one by one we must all file on
Through the narrow aisles of pain.

Ella Wheeler Wilcox (1850-1919)

Friday, March 14, 2008

e se



Klimt, "O Beijo" 1907