não tenho nada em que pensar.
Sinto-me vazia. Um vazio profundo e esgotante.
Estranho. vazio tem sido algo inexistente nos últimos tempos. E de repente lá nasceu. E ficou.
Sinto-me vazia com tudo o que tenho ao meu redor. E sinto-me vazia com tudo o que tenho no interior que é tão grande. e que agora parece-me apenas nada
quero encher-me novamente.
mais uma página?
o que virá a seguir?
Thursday, November 13, 2008
Sunday, November 2, 2008
e se (I)
"Entre ambos, o sexo era silencioso e tranquilo. Não se pode dizer que eles experimentassem os chamados prazeres da carne. É evidente que também não estaria correcto afirmar que nada sabiam do deleite que um homem e uma mulher conhecem na pele quando têm relações sexuais. Acontece, porém, que, à mistura com isso, existiam demasiados pensamentos, demasiados elementos e estilos de vida. O sexo com ela era diferente do que alguma vez conhecera. Fazia-lhe lembrar um pequeno quarto, que era ao mesmo tempo um espaço simpático, confortável para se estar. Do tecto pendiam fios de muitas cores, fios de diferentes feitios e comprimentos, e cada filamento, à sua maneira, transmitia-lhe uma espécie de corrente de prazer. Ele sentia o desejo de puxar por uma, e as fitas pareciam estar à espera de que ele as puxasse. Mas a verdade é que ele não sabia por onde começar. Tinha a sensação de que bastaria tocar num desses fios para que um assombroso espectáculo se desenrolasse diante dos seus olhos; ao mesmo tempo, porém, e com a mesma facilidade, tudo poderia ficar estragado num abrir e fechar de olhos. Em resultado disso, mostrava-se vacilante, e enquanto se sucediam os momentos de hesitação, mais um dia chegava ao fim."
Haruki Murakami in "A rapariga que inventou um sonho"
Haruki Murakami in "A rapariga que inventou um sonho"
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